Os sinais de trabalho de parto incluem uma variedade de sintomas que podem variar entre as mulheres. Os sinais mais comuns são: contrações regulares e dolorosas, perda de liquido claro e sem cheiro, perda de muco (secreção gosmenta, clara e sem cheiro), perda de sangue ou diminuição dos movimentos fetais.
As contrações uerinas são regulares como um relógio e dolorosas. As contrações tornam-se progressivamente mais frequentes, intensas e rigorosas. As contrações uterinas de 10 em 10 minutos são um sinal de atividade regular. Estudos indicam que 12 ou mais contrações por hora são um sinal significativo de que o trabalho de parto verdadeiro começou ou é iminente.
A perda de líquido amniótico, conhecida como ruptura das membranas, pode ocorrer antes ou durante o trabalho de parto. Cerca de 33,6% das mulheres experimentam ruptura das membranas antes da admissão. O liquido amniótico é claro, sem odor e sai espontaneamente sem fazer força.
As gestantes também podem apresentar perda de muco sangüíneo no inicio do trabalho de parto ou até semanas antes devido ao colo uterino está começando a dilatar.
A perda de sangue e a interrupção dos movimentos fetais são sempre um sinal de alarme, devendo as gestantes buscar atendimento médico urgente. A dor hepática, a presença de pontos cintilantes e brilhosos na visão, náuseas e vômitos também são sinais de alerta que a gestante deve procurar atendimento médico.
As pacientes com hipertensão, acima do peso, com bebês grandes para a idade gestacional, com anemia, com alguma patologia identificada no pré-natal como doença cardiovascular ou com anomalias congênitas podem apresentar mais complicações durante o parto.
Os estágios do trabalho de parto são tradicionalmente divididos em três fases principais:
- Primeiro estágio do Parto: Este estágio é subdividido em duas fases:
- Fase latente: Começa com o início das contrações regulares e dolorosas e continua até a dilatação cervical de 6 cm. Durante esta fase, a dilatação cervical é lenta e pode durar várias horas. Caracteriza-se por contrações uterinas irregulares e geralmente menos intensas, que aumentam em frequência e intensidade com o tempo. As mulheres podem sentir desconforto abdominal, dor lombar e pressão pélvica.
- Fase ativa: Inicia-se a partir de 6 cm de dilatação cervical e é caracterizada por uma dilatação mais rápida do colo do útero até atingir 10 cm. A transição da fase latente para a fase ativa é marcada por uma aceleração na taxa de dilatação cervical. As contrações tornam-se mais regulares, intensas e frequentes, ocorrendo a cada 2-3 minutos e durando cerca de 60 segundos. As gestantes frequentemente relatam dor intensa, aumento da pressão pélvica e sensação de necessidade de evacuar.
As gestantes com duração prolongada do primeiro estágio têm maior risco de morbidade materna e neonatal, incluindo febre materna, hemorragia pós-parto, necessidade de transfusão, e infecções neonatais.
As gestantes muito jovens (≤18 anos) ou mais velhas (≥35 anos) apresentam maior risco de complicações como pré-eclâmpsia, parto prematuro e crescimento fetal restrito devendo ser acompanhadas pelo médico desde o inicio.
As gestantes com doenças cardíacas congênitas ou adquiridas, como hipertensão crônica ou insuficiência cardíaca, têm maior risco de complicações como pré-eclâmpsia e parto prematuro. Essas condições podem prolongar o primeiro estágio do trabalho de parto e aumentar a necessidade de intervenções, como cesariana.
As gestantes obesas apresentam um progresso mais lento do trabalho de parto, especialmente antes de 6 cm de dilatação cervical, o que pode levar a um aumento na duração do primeiro estágio e maior necessidade de oxitocina para indução.
- Segundo estágio do Parto: Começa com a dilatação completa do colo do útero (10 cm) e continua até o nascimento do bebê. Este estágio envolve o esforço expulsivo da mãe e pode durar de minutos a horas, dependendo de fatores como a paridade e o uso de analgesia epidural. Os sinais incluem contrações muito fortes e frequentes, sensação intensa de pressão no reto e na vagina, e um desejo irresistível de fazer força. A cabeça do bebê desce pelo canal de parto, e a mãe pode sentir uma sensação de estiramento ou ardência à medida que o períneo se distende.
Um segundo estágio prolongado está associado a um aumento no risco de complicações maternas, como infecção, retenção urinária, lacerações perineais de terceiro e quarto graus, e hemorragia pós-parto.
Cesáreas realizadas no segundo estágio, especialmente em dilatação completa, estão associadas a maiores taxas de dificuldade na contração uterina pós-parto, a extensão da incisão uterina e as complicações infecciosas.
As gestantes com diabetes gestacional e com diabetes mellitus tipo 1 e tipo2 pré-gestacional apresentam um risco de macrossomia fetal (bebê grande e maior que o esperado para a idade gestacional), o que pode prolongar o segundo estágio do trabalho de parto e aumentar a probabilidade de parto instrumental ou cesariana.
As gestantes com asma ou hipertensão pulmonar podem dificultar o esforço expulsivo da mãe, prolongando o segundo estágio e aumentando o risco de complicações maternas e neonatais
- Terceiro estágio do Parto: Este estágio começa após o nascimento do bebê e termina com a expulsão da placenta. Normalmente, dura de 5 a 30 minutos. A gestão ativa do terceiro estágio, que pode incluir a administração de uterotônicos, é frequentemente recomendada para reduzir o risco de hemorragia pós-parto. Este estágio envolve a expulsão da placenta. Os sinais incluem contrações uterinas menos intensas, sensação de alívio após o nascimento do bebê, e a saída da placenta geralmente acompanhada por uma pequena quantidade de sangramento. A mãe pode sentir cólicas leves à medida que o útero se contrai para expelir a placenta.
As gestantes com distúrbios de coagulação ou que tiveram um trabalho de parto prolongado estão em maior risco de hemorragia significativa durante o terceiro estágio e devem comunicar qualquer hemorragia ao seu médico.
A presença de infecção materna durante o trabalho de parto aumenta o risco de complicações infecciosas no terceiro estágio.
As gestantes com trombofilia ou doenças hepáticas têm um risco aumentado de hemorragia pós-parto, o que pode complicar o terceiro estágio do trabalho de parto.
As infecções maternas, como corioamnionite, pode aumentar o risco de complicações infecciosas durante o terceiro estágio, incluindo endometrite e sepse.
Os aspectos emocionais de cada estágio do trabalho de parto são complexos e dinâmicos, variando significativamente entre as gestantes. Durante o início do trabalho de parto, muitas mulheres experimentam emoções de excitação e calma enquanto aguardam o aumento de quantidade e intensidade das contrações.
À medida que o trabalho de parto avança para a fase ativa, as emoções podem se intensificar. As gestantes frequentemente relatam entrar em um “estado de fluxo”, onde o tempo e o espaço parecem se desvanecer, e há uma necessidade de deixar o controle de lado. Este estágio pode ser acompanhado por sentimentos de cansaço extremo ou sobrecarga emocional. O estresse psicológico, medido por níveis de cortisol salivar, tende a aumentar durante esta fase, atingindo o pico na dilatação completa.
Na fase de transição e durante o parto propriamente dito, as emoções podem variar de choque e descrença na eficácia do próprio corpo, até uma sensação de alerta e realização. Algumas mulheres relatam sentimentos de medo e falta de controle, especialmente em partos cesáreos de emergência. O apoio contínuo de um parceiro ou profissional de saúde pode mitigar essas emoções negativas, promovendo sentimentos de segurança e confiança.
Após o nascimento, as emoções positivas, como alegria e satisfação, são frequentemente associadas ao primeiro contato pele a pele com o recém-nascido e à participação ativa nas decisões durante o parto. A redução do estresse e a sensação de alívio são comuns, com os níveis de cortisol diminuindo significativamente após o parto.
Essas experiências emocionais são influenciadas por fatores como a comunicação eficaz com a equipe de saúde, o suporte social, e a percepção de controle sobre o processo de parto.
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