Libido refere-se ao desejo sexual ou impulso para a atividade sexual. Libido é uma palavra abrangente que indica estados mentais humanos básicos e suas contrapartes biológicas envolvidas no comportamento sexual. Ela tem três raízes principais:
- biológica,
- motivacional-afetiva
Todas essas dimensões podem ser afetadas de forma variável na pós-menopausa, contribuindo para uma diminuição progressiva do desejo sexual que acompanha o processo de envelhecimento. A perda de estrogênios e, especificamente, de androgênios priva a libido feminina do principal combustível biológico. O efeito dessa perda é penetrante, afetando o sistema nervoso central, os órgãos sensoriais que são as principais janelas para estímulos sexuais ambientais e a qualidade da resposta sexual, central, periférica não genital e genital.
A libido pode ser secundária ao aumento de um hormônio chamado prolactina, à distúrbios de excitação, à dor na relação sexual, às dificuldades orgásticas, à insatisfação, tanto física quanto emocional.
Depressão, ansiedade e estresse crônico podem interferir nas vias nervosas centrais e periféricas da resposta sexual, reduzindo a qualidade da função sexual principalmente em sua raiz motivacional.
Conflitos relacionais e/ou problemas conjugais e problemas específicos do parceiro como alteração erétil podem contribuir para o enfraquecimento do desejo sexual nos anos pós-menopausa. Terapia de reposição hormonal bem adaptada, incluindo andrógenos em casos selecionados, pode reduzir as causas biológicas da perda da libido, mas deve ser sempre feita por médico e acompahada pelo mesmo. Um tratamento abrangente requer uma avaliação equilibrada entre fatores biológicos e psicodinâmicos.
O clitóris é o homólogo da glande e dos corpos cavernosos do homem, e a ereção é alcançada em três fases: latente, túrgida e rígida. Os bulbos vestibulares causam contrações orgásticas “vaginais”, através da contração rítmica dos músculos bulbocavernosos. Por causa do ingurgitamento com sangue durante a excitação sexual, os pequenos lábios tornam-se túrgidos, dobrando ou triplicando de espessura. O corpo esponjoso da uretra feminina fica congestionado durante a excitação sexual; portanto, a ereção masculina é igual à ereção dos órgãos eréteis femininos.
Prazer sexual é uma experiência complexa que envolve aspectos sensoriais, emocionais e cognitivos. Pode ser experimentado tanto durante a masturbação como ato sexual. O prazer é mais do que um mero evento sensorial, mas pode ser conceituado como uma experiência complexa e multiforme envolvendo memória, motivação, homeostase e, às vezes, afetos negativos. O baixo desejo em mulheres é a dificuldade sexual mais comum, e o estresse foi identificado como um preditor significativo de sintomas.
De acordo com Freud, o afeto é uma modalidade perceptiva que registra o estado de impulso interno do sujeito em vez da experiência objetiva do mundo externo, e a qualidade dessa modalidade perceptiva é calibrada em graus de prazer e desprazer. Dentro dessa estrutura conceitual, o objetivo do impulso é sempre o prazer, e os objetos se tornam significativos na medida em que fornecem uma maneira de descarregar a pressão dos impulsos. Desenvolvimentos psicanalíticos conceituais subsequentes rejeitaram parcialmente tais teorizações metapsicológicas, postulando que outras motivações intrínsecas que são independentes da libido podem ser observadas em humanos. A motivação intrínseca se refere amplamente a um conjunto de conceitos psicológicos, incluindo a propensão inerente de perseguir as próprias escolhas, de buscar novidades e desafios, de satisfazer a curiosidade e a competência, e de estender as próprias capacidades e controle sobre os eventos. O que esses conceitos têm em comum é um endosso interno da ação de alguém, que é o senso de que a ação é autogerada e é própria. As noções de prazer, impulsos e afetos são todas de extrema importância para uma compreensão neuropsicanalítica do funcionamento mental, devido à sua capacidade de explicar o desejo, o pensamento e o comportamento da perspectiva da experiência subjetiva humana.
A sexualidade solitária e a sexualidade em parceria são tipicamente retratadas como fundamentalmente semelhantes, mas evidências empíricas sugerem que elas diferem de maneiras importantes. A autonomia é central para as definições de prazer solitário, enquanto a confiança, o prazer em dar e a proximidade são elementos importantes do prazer em parceria. Tanto o prazer solitário quanto o em parceria envolvem exploração para autodescoberta ou para o desenvolvimento de um relacionamento em parceria. As definições de prazer são amplamente semelhantes em todas as idades e identidades sexuais.
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A qualidade do relacionamento e a satisfação com o parceiro são determinantes críticos para o prazer. Os estudos científicos referem que mulheres no grupo de alto estresse tiveram níveis mais baixos de excitação genital. Mulheres que têm níveis mais altos de cortisol e mais distração durante filmes eróticos são as que tem menos excitação sexual.
A inibição sexual é um fator de vulnerabilidade significativo para problemas de orgasmo.
As mudanças na gravidade da depressão e da ansiedade corresponderam a variações no mesmo dia na resposta sexual, a um desejo sexual mais pobre no mesmo dia, enquanto uma maior excitação ansiosa foi relacionada independentemente a aumentos simultâneos na excitação sexual subjetiva, lubrificação vaginal e dor sexual. Aumentos no sofrimento geral foram associados a maiores dificuldades no mesmo dia para atingir o prazer.
A hiperexcitação fisiológica associada à ansiedade também dá origem a dificuldades de excitação sexual e dor vaginal.
A sensibilidade à ansiedade, o medo de sensações fisiológicas de excitação, tem
sido associada a menor frequência sexual, pior função sexual e maior ansiedade sexual.
A disfunção sexual em mulheres é um problema comum e muitas vezes angustiante que tem um impacto negativo na qualidade de vida e na adesão à medicação. O problema é frequentemente multifatorial, necessitando de uma avaliação multidisciplinar e abordagem de tratamento que aborde fatores biológicos, psicológicos, socioculturais e relacionais. Os critérios para transtorno de interesse/excitação sexual exigem a presença de pelo menos três sintomas específicos com duração de pelo menos seis meses. A alta prevalência de disfunção sexual requer maior atenção clínica por meio de psicoeducação, orientação clínica, anamnese sexual e tratamento sexológico adicional.
O transtorno de dor/penetração gênito-pélvica inclui medo ou ansiedade, aperto ou tensão acentuada dos músculos abdominais e pélvicos ou dor real associada a tentativas de penetração vaginal que seja persistente ou recorrente por pelo menos seis meses. O tratamento depende da etiologia. O estrogênio é eficaz para o tratamento da dor na relação sexual associada à síndrome geniturinária da menopausa. A testosterona, com e sem uso concomitante de estrogênio, está associada a melhorias no funcionamento sexual em mulheres na menopausa natural e cirurgicamente, embora faltem dados sobre riscos e benefícios a longo prazo.
A psicoterapia ou terapia sexual é útil para o gerenciamento dos fatores psicológicos, relacionais e socioculturais que impactam a função sexual de uma mulher. Os clínicos podem abordar muitas dessas questões, além de fornecer educação e validar as preocupações de saúde sexual das mulheres. É importantissimo a abordagem mulitdisciplinar e em equipe.
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